Apesar da famosa “síndrome do segundo disco” — onde pressão, dificuldades e expectativas são enfrentadas especialmente quando o músico teve um primeiro trabalho que foi um sucesso comercial — costuma ser nesse tipo de álbum que o artista amadurece. Ronda Noturna, o segundo LP lançado por Guilherme Arantes, mostrou exatamente isso, um artista maduro, apesar de seus tenros 24 anos de idade.
Lançado em 1977, enquanto ocorria um dos períodos mais revolucionários para a música jovem, Ronda Noturna ainda navegava em oceanos progressivos, mas também apontava para a futura carreira de hitmaker de Guilherme Arantes na década seguinte. No inverno daquele ano, Guilherme e sua nova banda, a Companhia Limitada, entraram confiantes no estúdio de 16 canais da Sigla/Som Livre. José Carlos Prandini (guitarra, viola e flauta), Paulo Rosas Soveral (baixo) e Luiz Guido Carli (bateria e percussão) estavam entrosados dos shows e dos ensaios, completamente em sintonia com as estripulias harmônicas e melódicas do líder, pilotando seu piano e seu moog.
A progressiva “Baile de Máscaras” foi a faixa escolhida para ser lançada em compacto, entrando na trilha da novela global Espelho Mágico. A principal música de trabalho do elepê, no entanto, acabou sendo a também épica “Amanhã”, uma canção que Guilherme escreveu num ônibus, inspirado no poeta russo Maiakóvski e na música “Basta um Dia”, de Chico Buarque. “Amanhã”, segundo seu autor naquela altura “um hino por um astral mais alto que o atual”, entrou numa das principais trilhas de novela dos anos 70: Dancin’ Days. O disco também traz balanços irreverentes como em “Fuzarca na Discothèque” e “Made in U.S.A.”, um tema jazzístico entre Zappa e Steely Dan (a faixa-título), um fusion-baião em “A Cor da Aflição” e até uma balada influenciada pelos mineiros do Clube da Esquina: “Vento da Manhã”. Na faixa de abertura, “Oh! Meu Amor”, Guilherme pergunta: “O que estaremos fazendo daqui há alguns anos?”.
Maldito, esquecido, obscuro, confuso, turbulento... chame como quiser, mas Ronda Noturna é um retrato sonoro de um artista mestre em equilibrar qualidade e popularidade, imposições da indústria e aprimoramento artístico. É também um daqueles grandes álbuns “perdidos” da música brasileira que agora, finalmente, ganha uma nova chance com esse relançamento.
Esta edição é em vinil Azul 180g, inclui letras e encarte impresso com texto do jornalista e escritor Bento Araujo, autor da série de livros Lindo Sonho Delirante.
LP Azul 180g
Capa simples
Texto inédito do jornalista Bento Araujo
Envelope impresso
Obi
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